Um mensageiro no parque

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Ontem à tarde voltei ao bosque aqui perto da minha casa e, como sempre faço, dirigi-me ao local de minha preferência que tem um banco de madeira debaixo de uma frondosa acácia à beira do lago. É um lugar especial, muito poético e a tarde convidava para uma reflexão, pois o céu estava azul sem nuvens e as únicas coisas brancas eram as garças que nadavam graciosamente no lago límpido como a alma dos anjos e dos homens santos. Havia muita paz, assim como eu esperava. Como sempre faço, retirei do tiracolo meus dois livros favoritos: “O Universo Auto Consciente” e o meu livro de cabeceira, a “Compaixão Universal”. Depois de ler algumas páginas do primeiro, algo que sempre me acompanha aconteceu: Na hora em que eu escolhi para ir ao parque, poucas pessoas se encontravam nele, então, com o livro aberto em minhas mãos, ao levantar os olhos, vi a uma certa distância, uma pessoa que se dirigia ao local onde eu me encontrava. Não me surpreendi, pois é comum tal fato, só que aquela figura se aproximando irradiava uma energia que me despertou à atenção e me deixou de vigília. Aquela pessoa, ao se dirigir ao local em que eu estava, percebi de imediato, que algo de inusitado ia acontecer. Não sabia o quê, mas tinha certeza de um acontecimento inesperado que ia começar. Aproximou-se e, então,  iniciou-se, um diálogo:
– Moço: Disse-me a pessoa: – Posso me sentar no banco ali na frente? Respondi que sim, pois não havia nenhum inconveniente. Antes, porém, a pessoa que era uma pobre moça, sem  atributo e nenhuma beleza e, com um aspecto de alguém muito sofrida me falou:
– Você tem um trocado para me dar, para eu comprar um lanche para a noite, pois um trocado que uma pessoa me deu uma hora atrás, comprei um lanche que vou comer ali no banco em frente.
Aquele pedido me deixou um pouco desconcertado, pois conheço o desfecho e sei que é amargo.
Respondi: Sim!  Eu tenho algumas moedas. Dei-lhe um dinheiro e, os nossos olhos se cruzaram numa certeza solidária e cruel.
A pobre moça se afastou em direção ao outro banco e eu fiz de conta que ia continuar lendo. Não tenho cicatrizes no meu corpo; sou saudável em meu físico e em quase todos os aspectos; não tenho nenhum vício e nunca conheci nenhum tipo de substância tóxica, mas sou chagado na alma que desaba sempre em lamentos interiores nestas horas. Virei o olhar em direção ao outro banco e a moça havia desaparecido num piscar de olhos. Minha alma se entristeceu silenciosamente. Percebi então, mais um golpe do meu destino traçado. Dias atrás, vi na internet um vídeo que enviei a uma pessoa muito querida, que me fez sangrar todas as chagas da alma (Paul Cardall – Miracles V&D) que me trouxe à tona um monte de lembranças dolorosas. No instante que me deparei com esta moça no parque, todas aquelas imagens do vídeo desfilaram na minha mente com reflexões imediatas e profundas, pois alguns daqueles rostos me são familiares, desde há tempos, incluindo o desta moça no parque.

Minhas reflexões:

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– “Oh! Deus! Como são diferentes os teus filhos: -Uns apresentam belezas físicas visíveis como as belas flores de um jardim. Têm rostos angelicais, mãos de ninfas, corpos esbeltos e bem talhados. Muitos já têm mentes e corações deturpados pelas impurezas da vida. Mas, vivem na fartura e na luxúria. Suas orações estão repletas de desejos e apegos materiais. Seus deuses vestem roupas cravejadas e de marcas e, mentem há todos os instantes. Seus sonhos são de grandezas e deleites”.
– “Outros, Senhor, se apresentam como a imagem de sertões e grotões secos, tristes, ardentes sem brilho e exauridos sem limites em seus rostos e corpos. Seus sonhos e desejos sem apegos buscam tão somente, na fonte de seus desencantos, a água a saciar a sede desbancada e uma fatia de qualquer coisa para acalmar a fome agitada. Quase nada têm na vida, mas mantém em suas entranhas de almas sofridas uma centelha de brilho imenso e, o amparo do Celestial com o cálice do bálsamo do conforto dos escolhidos. Como tem sido ingloriosa a vida e a alma terrena destes tão sofridos teus filhos, oh, Deus. (vídeo)-Lindíssima música.
Fica a mim, a lição do inefável que a todo o sofrimento para um dia ter fim deve ser acrescido do incondicional:  Amor, Fé e Compaixão.
– “Oh Senhor, a estes Teus filhos angustiados com almas chagadas e que choram desamparados, inunde-Vos os seus corações com o bálsamo da passividade e do néctar da Tua Venturosa Benção Eterna.
Ajoelhados e de mãos postas, oh Senhor, suas faces se replicam de dor, sofridão e necessidades”.
Deus mais uma vez me enviou um emissário, não para me testar, mas para me manter sempre ungido à Compaixão Universal.
Voltei do parque para casa não angustiado nem atormentado, mas certo de que fatos como este vão se repetir ao longo de minha vida, pois são tantos os que já aconteceram que, não me surpreenderão mais aqueles que irão acontecer.
Foi um dia luminoso para mim. Não pude, entretanto, esconder uma perturbação que me seguiu até em casa.
Pi-Nath

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