Solidão.
“O coração humano anseia por conforto alcançado somente através de enlevos e lenitivos”.
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Solidão: Ausência de esteios internos e externos.
– A existência humana é dolorosa e cheia de multiplicidade.
O alvorecer da vida está repleto de axiomas biológicos e também de mistérios, desde a concepção até o nascimento.
O anunciado “dependência” é, definitivamente, uma constante na vida humana, do nascimento até um certo período quando nos sentimos, vagamente, em pé. Desde então, o oceano por onde vamos navegar é escasso em palmas e repleto de reveses.
Quando nascemos, chegamos aqui neste mundo sem nada. Sem nada mesmo! A primeira coisa que recebemos como empréstimo é uma coberta que nos agasalha, depois um banho e o primeiro alimento. Tudo nos é doado com o coração em festa naquele imaculado e memoroso momento; o agasalho, os primeiros afagos, um berço, ou mesmo um cantinho na cama, um sapatinho de pano, uma frauda e uma roupinha, esta última, muitas vezes preparada e guardada na fiteira da veleidade.
As nossas primeiras ações são aqueles que demandam um esforço bem especial para quem cuidou de nós: Chorar com fome ou com dor, fazer cocô e nos inundar na urina. Nesta hora somos atendidos e, depois buscamos o calor de nossa mãe no conforto do seu corpo.
Depois disto, começamos a nossa jornada, sempre, sempre com a ajuda dos nossos pais ou tutores. Engatinhar, aprender a caminhar e, depois correr, tudo isto é a sequência natural da vida. Há uma certa altura, atingimos a adolescência onde somos contra tudo e contra todos. Depois a juventude onde despontam os sonhos, os desejos e as disfunções.
Atingir este degrau da vida exigiu esforços, determinação e, sobretudo sorte de muitos dos que estiveram conosco. Sobrevivemos a doenças, fome, situações de perigos, desamparo, violência e driblamos até mesmo, o pior.
Chegamos, enfim à maturidade, a época das realizações materiais, de sonhos e dos fracassos. Aqui se confronta a nossa primeira provação quando encontramos a porta da SOLIDÃO aberta. Muitas vezes, adentramos a ela de forma deliberada ou somos compelidos a ela pelas circunstâncias da vida. Aqui se desponta a falta de essências internas e/ou externas.
Enfim, a velhice. Nesta fase, alguns se vangloriam na fartura, enquanto muitos se refugiam no conchego da cadeira de balanço e no silêncio tumular. São poucos aqueles que impunham a espada e a bandeira e, continuam a lutar. Nesta etapa da vida, uma parcela enorme desses heróis é atirada em abrigos e fica a margem de familiares e da sociedade. Muitos, deliberadamente por decisões de casa. São atormentados pelos tropeços e ensaios fracassados da vida, inundando-se de lágrimas com mãos trêmulas segurando remédios que lhes caem a todos os momentos. Buscam tão somente, uma fagulha de conforto que a negação se lhes incorpora. Não têm mais sorrisos e se lhes imputam as deficiências da razão.
Seus dulcificantes esporádicos são aqueles que lhes visitam e lhes trazem uma porção ínfima de conforto para seus desencantos. Lampejos de saudades e de alegrias escassas lhes inundam o que lhes restam naqueles instantes de brilhos minguados. Nada mais no horizonte. Muito curta é a bonança e muito longos são seus dias e noites infestadas de tinhosos e tições. Muitas e muitas vezes foram ingratos àqueles que, quando crianças, em seus braços e corações foram acolhidos e amparados com todo afago, amor e devoção.
Oh! Senhor! Tocai de forma ternurenta, os corações daqueles que se intitulam Teus amados e fazei destes, heróis e balsâmicos a levar e trazer bonança a aqueles teus filhos ingratificados.
Pi-Nath