Se um dia eu te encontrar 

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“Se um dia eu te encontrar,
mesmo que eu não tenha em minhas mãos,
uma flor branca de acácia para te ofertar em tuas mãos,
pegarei em uma das tuas mãos e, teus dedos vou folheá-los, lentamente, um a um, para que haja tempo em nossas mentes, de correr, como correm as águas cristalinas de um regato calmo, os nossos pensamentos de puro amor que guardamos em nossas almas solitárias, nossos corações e corpos ardentes e sedentos.
Começarei pelo teu dedo Mindlin
– Bem me quer. E vou seguindo: Mau me quer.
Depois, bem me quer e, mau me quer.
Vou deixar que tu respondas ao que  corresponde ao  teu quinto dedo.
Depois vou beijar as tuas mãos e os teus dedos, lentamente, um a um.
Vou acariciar o teu rosto, teu cabelo e todo o teu corpo.
Em cada parte onde eu te tocar, palavras de amor, juntos vamos sussurrar.
Deixarei que teus dedos, um a um, lentamente acariciem o meu rosto.
Sentirás que carrego muito calor e verás que tenho uma voz quente,
doce e amendoada para dizer-te, entre os teus dedos folheados:
Tu és a minha linda flor branca de acácia”.
“Aquela que ficou bravamente lá no alto da copa da árvore de acácia,
a contemplar, na plenitude da madrugada fria
o incessante e eterno brilho silencioso das estrelas”.

Pi-Nath


 

                                                 

  Um encontro de almas

 

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“Ela é dócil e macia, clara e serena,
espelho matinal que a paisagem das cousas reflete,
com a lucidez constante do cristal.
Tendo instinto por poesias, filosofia, é um ser mansamente natural,
em cuja ingenuidade há uma alegre intuição universal.
No poente do meu jardim… o olhar profundo alonguei, sobre as árvores vazias,
aquelas em cujo espírito infecundo soluçavam silenciosamente agonias.
E lá, nas olmeiras, ninhos onde vencidas de fadiga,
a alma inocente dos pássaros se abrigava e
a tristeza de muitas almas chagadas se recolhia.
Então, num silencioso desencanto, eu adormeço… lentamente,
enquanto pela fria fluidez azul do espaço eterno em omissão voluntária de coisas
que deveriam ser ditas, sorria a ironia longínqua das estrelas.
Já a lua transmontava as montanhas… cães ladravam ao longe,
em sobressalto; na granja das herdades, o cântico dos galos estalava, desoladoramente
pelos ares, acordando as distâncias esquecidas.
As horas morrem sobre as horas…
Nada!  E ao nascente, com a sombra recolhida, acordo pensando:
Se o ideal da vida não veio nesta noite, virá amanhã, em outra jornada.
És a minha verdade, ó sonho eterno, ó fadário indevassável, e a ti entrego,
ao meu sereno fatalismo cego, a nossa linda e divina inocência!…”
Pi-Nath

       Uma amizade eterna

“Estranha e delicada Rosa, que num ramo flexível, um dia mergulhou na água estagnada do meu olhar interior. E, desde então, nessa atitude, vive eternamente perturbando a superfície espiritual do meu lago, que já não dorme e… vai sonhando. Mas toda primavera é efêmera… O verão, um dia virá tirar-te deste ramo valente, ó Rosa Dourada com a mão crepuscular e quente… E, entre juncais e árvores tortas, hão de boiar tuas pétalas unidas e vivas… e, eu com muita ternura irei recolhê-las em minhas mãos como estrelas caídas dos céus, Rosa Dourada”.

Pi-Nath

terial literário da ONG: Pi-Nath Community.org usado como suporte psicológico a pessoas em tratamento contra o câncer.

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