Memórias de um velho banco de madeira

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“O coração humano anseia por conforto alcançado somente através de enlevos e lenitivos”.

Um acontecimento inesperado na virada da curva

Depois de muito tempo eu começo a entender melhor agora, o drama da espécie humana. Vejo e sinto através daqueles que por aqui passam e se sentam neste velho banco de madeira, que a cada dia que se passa, novidades e mais novidades são trazidas à tona envolvendo tecnologias orientadas para o bem estar social, melhor qualidade de vida, saúde e longevidade.

Tudo isto parece trazer mais alegria e felicidade para as pessoas. Só parece! Pois na mesma proporção que estes avanços acontecem, a necessidade de busca a alívios e até mesmo fugas acorrem de forma mais intensa ainda. Tenho notado através das impressões deixadas aqui, que as pessoas buscam mais orientações e conselhos, recorrendo a mestres e gurus e, estão dispostas até mesmo a mudanças extremas em face a estados aflitivos cada vez mais frequentes acontecendo em suas vidas. Isto é muito evidente em meio às conversas e memórias travadas e deixadas aqui frequentemente. Vejo e sinto que há um desperdiço enorme de vidas que poderiam está produzindo bens materiais e imateriais de uso comum e benéfico para a humanidade. No entanto estas pessoas se encontram desorientadas sem um rumo saudável em suas vidas. Uma parcela bem grande das pessoas que por aqui passam e sentam neste velho banco de madeira estão contaminadas pelo uso constante e frequente de alucinógenos cada mais potentes, buscando desta forma, nestas substâncias, a reposição de perdas de estados de adrenalinas aceleradas produzidas por vícios. O que se passa em suas mentes deixam impactados os profissionais das áreas psicológicas e das que estudam o comportamento humano, pois nunca viram tanta asneira  desfilando livremente nas mentes destas pessoas. De certa forma isto parece bom para os capacitados destas áreas, pois não lhes faltam clientes. É porém péssimo para o estoque de pessoas do bem que estão se escasseando  rapidamente em todo o mundo. Sinto isto com frequência pela passagem de pessoas com estas bagagens ruins.  Estou sobrecarregado de tantos acontecimentos pesarosos e isto me deixa, às vezes, entediado e muito aborrecido. Os dias se passam e, escasseiam-se acontecimentos que me produzem euforias. Estes últimos dias têm sido dessa forma, monótonos e sem novidades boas.

Epa! Epa!  Parece que me antecipei prematuramente! Algo está ocorrendo ali na curva desta trilha: Uma espécie de redemoinho de folhas e, um retorcer de galhos e caules de árvores em meio a um espectro em precipitação sem definição entre luz e sombra. E, espere! Algo começa a se precipitar e tomar forma entre uma simbiose luminosa. Sem dúvida é uma interferência de outro mundo neste mundo e, causaria um arrepiar e uma correria em qualquer ser humano, pois carrega em si um aspecto nitidamente fantasmagórico.

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Uma forma indefinida, perdida entre uma luz sem reflexo e sem brilho lúcido se movimenta em sincronia a uma sonoridade que se inicia já de forma a criar arrebatamento. Oh! Não! Vem em minha direção, lenta, mas envolvida em um bailar suave e ligeiro, no embalo desta música que contagia. Pronto! Chegou mais perto de mim e me envolve em um movimento que nunca imaginei e experimentei antes. Oh!  É uma criatura espetacularmente linda, revestida  de uma indumentária incomum, indescritivelmente fora dos padrões conhecidos pela espécie humana.

Movimenta-se   em uma onda luminosa que flutua em um bailado frenético… Definitivamente inexprimível! Envolve-me, me arrasta e me dobra como se eu fosse todo de borracha. Estou dançando, perdidamente inebriado neste embalo contagiante, mergulhado por inteiro  neste frenesi alucinante. Parece que me transformei em um molusco do mar com um  corpo físico de um polvo emaranhado em flutuações no fundo do mar. Não tenho forças para recusa nem mesmo para gritar, pare.  Mas o que é isto? Não é humana e não tenho a menor ideia do que seja. Como pode, um banco de madeira dançar? Será que estou sendo acometido daquilo que os humanos definem como loucura? Mas, que loucura deleitosa, maravilhosa. Estou dançando mesmo! Envolvido nisto que não sei definir o que é! Oh! É o que se pode achar como uma alucinação sem caracterização, mas um momento linear no tempo das lembranças que permanecem sempre vivas. Deliciosamente contagiante! Impossível  de dizer um basta.  Não há como descrever o que ocorre com este velho banco de madeira aqui neste parque. Não há nenhuma testemunha até porque não haveria como se acreditar. Não poderia fugir disto, mesmo que eu quisesse. Esta criatura não pára e não esboça nenhum sinal de que não nos reconhece em um estado alheio ao normal, vergonhoso aos padrões normais. Continua a bailar! A brilhar! E, eu também! Estou envolvido em uma atmosfera de uma alegria incontida, difícil de definir. Não quero que pare! Quero continuar! Estou louco! Louco! Louco! Mas uma loucura deliciosa, irresistível.

De repente parou o som desta alucinante salsa cubana. Que pena!

O contato

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Sentou-se despojadamente neste banco. E agora? Mesmo sentada aqui, nada sei  sobre ela, pois não há registro nenhum de suas memórias! Esquisito, pois isto não é normal alguém se sentar aqui sem que, de imediato, eu absorva todas as suas memórias! Não acontece com esta criatura! Quem será? Ou, o que será isto?

Espere! Está mudando de fisionomia. Seu aspecto de criatura angelical ou mesmo alienígena está sendo removido, mas suas memórias se mantém enclausuradas em uma cortina de névoa para não serem conhecidas. Está claro para mim, que não é um ser deste planeta. Tampouco não parece definitivamente um anjo, apesar de ter aparência de anjo muito diferente do que se caracteriza como anjo.

Esta experiência que estou tendo não faz parte dos acontecimentos aos quais estou habituado. Já houveram registros de pessoas que deixaram suas memórias aqui  e, que falaram de coisas similares. Porém não tenho registro de ninguém que tenha vivenciado o que estou experimentando aqui. Sou o único a testemunhar esse tipo de evento. Fantástico!

Oh! Sua aparência inicial desapareceu e agora se parece com uma pessoa normal, apesar de manter traços fisionômicos de uma beleza sem igual. Uma mudança surpreendentemente rápida. 

– Olá!

Está falando comigo? Perguntou estupefato  o banco.

– Sim! Com você!

Não! Não é possível! Ninguém pode falar comigo! A não ser que esta seja uma ação especial, fora do habitual! Completou o banco.

– É especial! Estou me comunicando com você e esta é uma ação muito especial!

Mas, como é  possível, eu não fui concebido para me comunicar com ninguém! Ninguém mesmo! Ressaltou o banco.

– Sim, com ninguém! Apenas comigo nesta ação especial.

Se estou tendo o privilégio de me comunicar com você, prepare-se, pois serão muitas as minhas perguntas e a curiosidade é enorme!  A lista é bem grande! Complementou o banco.

– Calma! Calma! Vai haver tempo para tudo! O pouco tempo que vou passar por aqui é suficiente para você entender. 

Quem é você?  De onde vens? O que faz aqui? E principalmente, o que é você?

– Ora, uma coisa de cada vez!

– Primeiro me deixe descansar um pouco, pois tanto quanto você, eu também estou cansado e curioso deste mundo dos humanos! Como estou me assumindo como humano nesta ação, passo a sentir os efeitos densos da espécie humana. 

– Sou um viajante pelo cosmo afora. Viajo por distâncias inconcebíveis para a mente dos humanos, mas nunca me deparei com a situação de “cansar”. Isto não existe para mim, pois sou energia, uma parte da Fonte e, o comportamento de energia é imutável. Mas, estou em uma missão e me foi concebido, uma única vez, o direito de me tornar humano por pouco tempo. Estou maravilhado e surpreso com a diversidade, beleza e, também com a dor da raça humana. Ela é única em meio a numerosas outras raças em todo o universo. Como lidam com tantas dificuldades e, como é grande a fragilidade de sua espécie. Por esta razão, estou compartilhando, por apenas alguns minutos, da experiência desta raça que é muito curiosa e criativa. Quero aprender um pouco desta reconhecida riqueza.

No meio de tanto caos e destroços desta espécie, há verdadeiras maravilhas. Há verdadeiros anjos e também demônios  entre esta espécie.  Ela é muito bruta, carente, ingênua e inconsequente, mas sobretudo tem um poder criativo enorme e único. Trago um registro de memória que é o teor desta minha missão. Você só vai saber de mim, aquilo que está relacionado com a experiência  de “um ser humano notável” que é a razão de eu estar aqui neste planeta, nesta missão especial.

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Dito isto, levantou-se do velho banco de madeira e foi se envolvendo em um redemoinho de luz descido junto com nuvens de uma beleza indescritível e, retomou seu aspecto original envolvido em um cenário que só poderia ser parte do celestial. Espetáculo de outro mundo, sem dúvida! Desta vez se envolve, sozinha,  em um bailado com todos os acordes de uma música da época de ouro que tanto empolgou os seres humanos. “O Esplendor do Amor”. Fragmento inesquecível de um  tempo em que a mente humana passou por uma incrível mudança. O século das artes, do amor, da criatividade, das revoluções e da discórdia.

Que acontecimento extraordinário este que estou presenciando. Nunca mais serei o mesmo velho banco de madeira que só tem servido para acomodar o traseiro de pessoas que por aqui passam e se sentam. Agora sou mais que uma coisa qualquer. Reconheço-me como  parte de algo grandioso! Sou um privilegiado!

A criatura virou-se para o banco de madeira, sorriu e disse: Adeus! Vou sentir saudades deste mundo, principalmente dos sentimentos mais nobres e marcantes dos seres humanos como “alegria, o amor e a compaixão” que esta espécie guarda com tanto ardor e fervor em meio a tanta dor e clamor.

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O rufar dos tambores, o crepitar das armas  em meio aos clamores de inocentes, juntos ao ribombar dos canhões em fúria pelo mundo a fora e, a rotina das metrópoles abarrotadas de almas em chagas, tudo  está silenciado neste glorioso e nobre momento de luz e paz, mesmo que tenha ocorrido em apenas uns poucos minutos.

Partiu como se estivesse carregando em seus braços, tábuas e pedaços de madeira deste velho banco, deixando-me como um órfão carente, vazio e saudoso  em meu próprio chão. Resíduos de lampejos luminosos de sua partida envolveram plantas e árvores de toda esta parte do parque. Uma luminescência rosada se esparramou pelo chão como se fosse um tapete de cores celestiais em festa para o desfile de  deuses. Foi um momento mais do que especial, pois a magnitude deste evento anômalo superou em muito, todas as possibilidades de um cortejo mágico. Glorioso! Glorioso!

O que aconteceu aqui não foi apenas um contato com uma criatura de um outro mundo. Foi a intersecção de algo maravilhoso, cheio de esplendor, surpresa e doçura neste mundo tão cheio de hostilidades. Um ar de puro amor, fé e esperança de um mundo longínquo, porém tão perto da raça humana foi o que se projetou aqui. Não foi apenas uma Entidade Elevada ou um Ser Superior de um outro mundo que aqui esteve. Foi algo maior, bem maior, que veio deixar aqui uma impressão sólida de uma sublimidade inigualável, que aguarda se depositar no coração humano. A raça humana nunca esteve só. Ela sempre esteve acompanhada de uma beleza celestial que acompanha toda a trajetória de vida de cada um. Só precisa ser visto com o olhar do coração, aquele desprovido dos conceitos avariados, das vaidades e dos apegos aos tesouros fugazes que nada valem. O ser humano é Divino e Imortal.  Está apenas preso aos fardos da materialidade e, mesmo em vida pode perceber e sentir esta grandeza que há em toda parte.

Estou sem palavras. Este velho banco de madeira jamais será o mesmo. Todos os resquícios de memórias anuviadas, nocivas e angustiantes deixadas aqui por transeuntes ingênuos e tolos serão riscadas pelo lampejo cintilante desta entidade que ficou aqui por poucos minutos. Estou em estado de graça. Os dois momentos marcantes que ocorreram aqui mudaram os conceitos sobre tudo o que eu recebi e acumulei em forma de memórias ao longo de tantos e tantos anos.

Não tenho perguntas e todas as minhas curiosidades cessaram. A música que me sacudiu e me contagiou, fez me compreender melhor, que mesmo em meio a dor e o sofrimento, o ser humano é capaz de produzir alegrias, festejos e criar encanto para o seu coração ferido. Os humanos são pura arte e mistério. A presença desta criatura dos Altos aqui, junto comigo me trouxe uma compreensão melhor da extensão do Sagrado que há entre o mundo material e o não material.  A cortina que separa estes dois universos é a maior glória a ser alcançada e aberta livremente, um dia, pela espécie humana. Deve ser atingida sem medo e temor e, de forma natural por etapas de ações positivas, pois é grandiosa a sua beleza e suas benesses assim como tudo o que há no universo.

O mundo tem acontecimentos que se desenrolam fora do alcance e da visão humana, por uma razão providencial, certamente. Nenhuma parte deste parque seria, como continuará a ser agora, se a espécie humana tivesse visto, vivenciado e sentido o que senti  e vivenciei aqui. Com certeza tudo isto aqui se transformaria em um local de peregrinação onde todo tipo de pensamentos e manifestações, até mesmo loucuras desenfreadas ocorreriam, abrindo frestas profundas na conceituação das coisas que envolvem o sagrado e o demoníaco. A Providência é justa e sabe se manifestar coerentemente entre as peças do tabuleiro da existência. O que aconteceu aqui vai ficar sepultado silenciosamente, aguardando o que a própria Providência tem guardado para mim um dia.

Não há nada mais a expressar. Apenas, tão somente atender ao meu ímpeto de deixar fluir em transbordamento, o belíssimo relato memorial de uma pessoa que por aqui nunca passou, mas que através desta enigmática e surpreendente entidade tive a grata benção de conhecê-lo e me maravilhar com sua grandeza. É singular e memorável a sua existência e trajetória.

Pi-Nath

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